Batik é uma tradicional e milenar técnica de pintura em tecido, onde o “ba” vem da palavra “amba”, que em javanês significa “escrever”, e o “tik”, vem da palavra “titik”, que na Indonésia significa “pontilhar”.
Sua origem é um pouco incerta, mas bastante utilizada por povos antigos, tanto na África, como na Ásia e no Oriente Médio. Mas foi em Java que alcançou sua maior expressão.
Muitos estilos foram desenvolvidos, com características e significados bem peculiares. Aplicados também em materiais diversificados como tecidos de algodão, seda, lã, couro, papel e até na cerâmica convencional, madeira e casca de ovo.
Em sua maneira original de trabalhar, cera derretida é aplicada como isolante de áreas que ficarão protegidas durante a etapa do tingimento. É um processo minucioso, onde a cera endurecida é craquelada para que a tinta penetre nessas rachaduras, dando um efeito muito bonito ao trabalho. O processo pode ser repetido várias vezes com tinturas de colorações diferentes, sempre da mais clara à mais escura, e sempre isolando com cera a área onde não se queira que a nova camada de cor seja absorvida. É uma arte que exige muita perícia para se obter bons resultados.
Métodos diferentes podem ser utilizados na aplicação da cera quente, como escova, pincel, carimbos ou uma agulha de metal inserida em um recipiente de madeira.
Como última etapa, a cera é dissolvida com a imersão da peça em um solvente apropriado, ou colocada em água fervente, ou então passada a ferro quente entre folhas de papel absorvente. As cores e efeitos se revelarão somente no final de todo o processo, proporcionando uma peça de beleza ímpar.
Já a adaptação do efeito do Batik na cerâmica plástica é bem mais simples de ser feito, mas com resultados variados e interessantes, conforme as fotos aqui apresentadas em peças de autorias diversas. Somos todas participantes ativas do CDCP (Clube da Cerâmica Plástica), onde em nossas reuniões mensais sempre uma nova técnica é experimentada por todos, em suas múltiplas variações e aplicações. Essa atividade prática geralmente é coordenada alternadamente por algum dos membros participantes, que já tenha experimentado ou pesquisado um pouco mais sobre o assunto em pauta. Em setembro passado testamos o Batik, sob a orientação de nossa amiga Elisabeth Reale.
Para esta técnica é recomendável o uso de massa de cor clara. Na técnica original é utilizado um gel isolante, solúvel em água. Em substituição a ele, e sob a orientação de Elisabeth, que já havia testado antes com sucesso, usamos a Guta, muito utilizada na pintura em seda. Áreas foram delineadas e, depois de secas, recobertas com tinta. A Piñata, que é a tinta mais indicada por sua total transparência, nos proporcionou os resultados mais próximos ao efeito do Batik verdadeiro, mas não é encontrada no Brasil. Outros resultados lindos e mais contrastantes também foram obtidos em nossos testes, como a aplicação de tinta acrílica, que é uma alternativa bem mais fácil de ser encontrada por aqui, embora não seja transparente.
É uma técnica que despertou minha curiosidade, na qual ainda estou trabalhando em novas pesquisas, já com idéias para novas experiências!
Quero agradecer às minhas amigas e companheiras do CDCP: Adriana Delphino, Elisabeth Reale, Florinda Umezu e Mônica Girard, que forneceram imagens de seus trabalhos para ricamente ilustrar esta matéria!
Forte abraço e até a próxima matéria!
(autoria do texto: Beatriz Cominatto)
Nota1: Matéria escrita e publicada no site Portal das Joias em dezembro de 2007. Leia sobre.
Nota2: As peças de todas foram feitas em 2007.