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 Amigos do polímero, é com enorme satisfação que quero contar em primeira mão que faço parte de um simpósio de polymer clay direto dos EUA, que acontecerá de 7 a 15 de fevereiro/2020. Aqui tem link para maiores informações. Somos em 30 artistas de vários países trazendo técnicas variadas para você. Para assistir direto online será gratuito, ficando no ar por 24 horas, mas com opção de comprar o pacote completo do workshop.
Entre no link que tem muito mais informações, tenho certeza de que você não vai querer perder! 😁

https://ty104.isrefer.com/go/pcs2020/BeatrizCominatto

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Desde a pré-história o homem utiliza como adorno uma resina natural muito dura, formada há 50 milhões de anos, chamada âmbar. Foi também a primeira gema utilizada por ele, onde em sítios arqueológicos foram encontrados objetos decorativos, talismãs e amuletos feitos com esse material.

É uma resina fóssil, liberada em forma de secreção por uma espécie de pinheiro que já não mais existe. Essa secreção funcionava como uma proteção natural à sua madeira, protegendo-a de ataques de pequenos insetos e bactérias. Com consistência de cera dura, pouco flexível, semi-transparente, mas podendo variar entre menor e maior escala nessa transparência, sua coloração também oscila do amarelo claro ao marrom escuro, chegando ao avermelhado, alaranjado, ou mesmo esverdeado, azulado ou branco. Em seu interior algumas bolhas de ar podem estar presentes, isso também colabora na composição e intensidade de suas cores. O âmbar é encontrado com maior freqüência na antiga Prússia Oriental, ao longo do litoral do mar Báltico. Também em menor quantidade pode ser encontrado na França, Itália, Estados Unidos, Canadá,  República Dominicana, além de alguns outros países. Ele também pode ser de mina ou de mar.

Uma de suas principais características é poder encontrar aprisionados em seu interior pequenos fósseis de insetos (mais de 1000 espécies diferentes já foram catalogadas), a maioria já extinta, e também fragmentos de flores, folhas, sementes, pelos e dentes de animais, que ficaram presos na resina ainda pegajosa, antes desta se solidificar ao perder água e ar com a ação do tempo. Até mesmo lagartos, rãs e sapos fossilizados podem ser encontrados. Muitos desses  pequenos corpos estranhos aumentam em muito o seu valor, principalmente quando de espécies mais raras ou mesmo extintas. O âmbar encontrado na República Dominicana é o que apresenta um maior número de fósseis incrustados em seu interior. 

Quando friccionado ele produz uma grande eletricidade estática, atraindo para si algumas substâncias leves, como algodão, palha, papel picado, etc. Foi através do âmbar, ainda no século VI a.C, que se observou a primeira experiência de atração eletrostática.

Quando aquecido ele produz um agradável aroma de madeira de pinho, essa é uma das formas de saber se é verdadeiro ou falso. Uma outra maneira é colocá-lo na água salinizada, onde o verdadeiro âmbar flutuará.

Algumas propriedades terapêuticas e místicas também lhe são atribuídas, como  a de absorver energia negativa do corpo ao ser colocado sobre partes em desequilíbrio ou dor. Na Europa é utilizado também para afastar o mau-olhado. No Tibet está associado ao equilíbrio interior e à busca da perfeição.

Artistas e joalheiros utilizam essa resina de grande beleza em suas criações, mas geólogos e paleontólogos são atraídos pelas riquíssimas formas de vidas pré-históricas contidas em seu interior por milhões de anos.

Mas não pense que aí termina sua importância científica. Isso é apenas o começo, já que geneticistas, biólogos, químicos, arqueólogos, botânicos e zoólogos,  encontram nesse material uma importante, rica, fascinante e interminável fonte para suas pesquisas. Até mesmo estudos para a recuperação de DNA estão sendo feitos (isso nos lembra, embora um tanto exagerado na ficção, o filme “Parque dos Dinossauros”).

Voltando ao nosso material, mais uma vez a cerâmica plástica também pode nos proporcionar resultados encantadores ao ser utilizada na busca da aparência externa desta gema. Para isso utilizamos a massa o mais translúcida possível, até mesmo mais de um tipo ou tonalidade, mas sem deixar formar uma mistura homogênea, esse efeito desigual é o que mais buscamos. Não é um processo muito complicado, podem apostar, apenas um pouco trabalhoso. Embora eu tenha encontrado formas diferentes de chegar ao falso âmbar, os resultados que mais gostei aqui apresento, onde tintas transparentes de várias tonalidades foram utilizadas no tingimento da massa. Depois, através de uma seringa com agulha, tonalidades mais escuras da tinta foram injetadas em seu interior em alguns sulcos que delicadamente abri na massa descansada, lembrando vasos capilares. Somente depois da secagem absoluta da tinta finalizei as contas e levei-as ao forno para a cura, por um tempo bem maior que o indicado, para intensificar sua transparência. O lixamento e polimento perfeito é indispensável,  como também o verniz, aplicado em diversas camadas, contribuindo para um acabamento mais vitrificado.

Espero que tenham gostado da técnica e de saberem um pouquinho mais sobre essa fascinante gema.

Abraços, e até a próxima matéria!

(autoria do texto e peças: Beatriz Cominatto)

Nota1: Matéria escrita e publicada no site Portal das Joias em 2004. Leia sobre.

Nota2: As peças foram feitas em 2004.

(Matéria escrita por mim e postada no Portal das Jóias exatamente no dia 14 de outubro de 2010. Hoje, também 14 de outubro, resolvi revê-la e só então percebi a coincidência de datas.)

Fugindo um pouco ao estilo habitual do meu trabalho, resolvi este mês apresentar algumas peças que fiz somente com modelagem de flores em cerâmica plástica. Talvez inspiradas nesta primavera que, mesmo ainda com alguns dias frios lembrando um inverno que teima em não nos deixar, tem trazido um colorido sempre exuberante a esta São Paulo que amo. 

A modelagem permite formas e cores das mais variadas, possibilitando-nos ir ao encontro do espírito da estação, trazendo aos acessórios um pouco dessa alegre magia.

Aqui apresento peças simples que fiz, mas um trabalho sempre agradável ao toque e ao olhar na hora de compor cada detalhe. 

Costumo dizer que a arte da modelagem é a percepção mais apurada do tato, de se criar pequenas formas e poder senti-las, de uma forma bastante especial, com as pontas dos dedos. No caso das flores, uma delicadeza de toque e resultados ainda maiores. Uma peça de flor é sempre uma poesia, mesmo que sem palavras.

“No mistério do Sem-Fim,
equilibra-se um planeta.
E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro:
no canteiro, uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,
entre o planeta e o Sem-Fim,
a asa de uma borboleta.”

(Cecília Meireles)

Seja você a borboleta!

Abraços, e até a próxima matéria.

(autoria do texto e peças: Beatriz Cominatto)

Nota1: Matéria escrita e publicada no site Portal das Joias em 2010. Leia sobre.

Nota2: As peças foram feitas em 2010, exceto o coração vermelho que fiz em 2013 no programa de TV Vida Melhor, em homenagem aos dias das mães.

Hoje, 18 de maio de 2019, noite de lua cheia, lembrei-me desta antiga matéria que escrevi para o Portal das Jóias. Dando sequência ao resgate delas, resolvi ser esta a matéria da vez.

Segue na íntegra, ressaltando que foi escrita em 2005:

Este mês quero apresentar a vocês um novo material que estou agregando ao meu trabalho em cerâmica plástica, que é a argila de metal. Nas matérias que escrevi até hoje sempre frisei minha paixão pela modelagem, onde sentimos no tato e na delicadeza dos dedos o prazer da tridimensionalidade das pequenas formas livres que criamos.

Há um certo tempo que eu lia em sites e livros de outros países, artigos sobre uma massinha fabricada no Japão que, após a queima, transformava-se em uma linda jóia modelada em prata 1000 e ouro 22K. Parecia algo mágico, até mesmo difícil de acreditar.

Finalmente quase no término do ano passado (2004), para minha alegria, esse produto aqui chegou. Mais do que depressa corri para uma primeira aula, onde finalmente tive meu contato com esse novo produto. Posso dizer a vocês que achei surpreendente sair dessa aula com as primeiras jóias em prata feitas por mim.

Mas eu quis aprofundar meu aprendizado e logo me inscrevi para fazer um longo curso de certificação, onde durante 56 horas em período integral, aprendemos diversas técnicas dessa inusitada forma de trabalharmos a joalheria artesanal. A emoção foi enorme, tanto por ser a primeira turma no Brasil a certificar-se, como por estar lado a lado com meus colegas de curso, renomados joalheiros e verdadeiros mestres nessa no Brasil. Senti-me muito honrada em fazer parte dessa turma tão especial.

A Art Clay Silver e a Art Clay Gold são metais transformados em um pó extremamente fino, misturados a um agregado orgânico atóxico e água. Modelamos manualmente, secamos (nesta etapa assemelha-se a um delicado gesso seco), e é também nesta etapa onde passamos o maior tempo de trabalho, esculpindo detalhes e dando acabamento com limas, lixas finas e pequenas ferramentas. Depois vem a queima que, no caso desta massa de prata, podemos fazer de diferentes formas: na chama do fogão caseiro (sobre uma tela de aço), com o maçarico, ou em forno de alta temperatura (de 650 a 850°C). Após esse processo temos uma peça de prata com 99,9% de pureza. Na queima do ouro o forno é indispensável e a temperatura é mais alta (999°C). Após esse procedimento, é só dar o polimento adequado e bem caprichado e sua jóia está pronta!

Desde o início pensei em unir essas duas formas de modelagem, a do metal precioso com a cerâmica plástica, e considerei um casamento perfeito. É o metal nobre valorizando a massa plástica, esta que, por sua vez, já prima por todo o potencial artístico e criativo de suas muitas possibilidades técnicas e cores.

As peças que fiz e aqui apresento foram todas modeladas em Art Clay Silver e cerâmica plástica (técnica imitação de Opala). Fazem parte da coleção que denominei Luas de Maio, e que foram apresentadas depois à Art Clay do Brasil como meu trabalho de conclusão de curso, servindo como avaliação para eu tornar-me instrutora sênior certificada.

Em outra matéria escreverei sobre a imitação de opala em cerâmica plástica.

Até!

(autoria do texto e peças: Beatriz Cominatto)

Nota1: Matéria escrita e publicada no site Portal das Joias em 2005. Leia sobre.

Nota2: As peças foram feitas em 2005.

A ágata musgo (também conhecida como ágata musgosa ou moss) é uma curiosa gema encontrada geralmente associada ao granito e rochas calcárias, formada a partir de dióxido de silício ou sílica.

Tem como característica principal a presença de filamentos em seu interior com um interessante aspecto de musgo. Mas não são musgos de verdade, pois ela não tem qualquer matéria orgânica em seu interior, e sim filamentos  compostos de minerais, como óxidos de manganês ou ferro, encaixados entre os grãos de calcedônia, proporcionando esse aspecto de crescimento de musgos.

 

Sua coloração também poderá variar de acordo com a quantidade de impurezas em seu interior, como o ferro e o cromo. A maioria possui fundo fosco branco leitoso ou transparente, embora também seja encontrada em outras colorações puxando mais para o castanho ou avermelhado. A variedade mocha, por exemplo, é mais escura.

A ágata musgo é encontrada em diversas partes do mundo, principalmente no Brasil, EUA, Índia e Europa, e a maioria tem origem em rochas vulcânicas.

 

Foi muito utilizada como adorno pelos gregos há mais de 3.000 a.C. É também considerada a mais poderosa das ágatas, conhecida como a ágata dos guerreiros. Há muitos séculos usada como amuleto de sorte, também pelos agricultores, que a utilizavam presa ao corpo ou amarrada ao chifre do boi do arado, como forma de garantir fartura na colheita.

 

Em sua imitação com cerâmica plástica – sempre uma divertida e interessante forma de trabalhar com a massa – busquei o efeito mais acastanhado da pedra (mocha). Sempre trabalhando com a massa translúcida branca, mas colorindo irregularmente com pigmentos em pó metalizados em tonalidades variadas, salpicada de massas escuras bem fracionadas entre as finas camadas da modelagem. A quantidade disso tudo é que dará o tom mais claro ou escuro à sua peça. Eu poderia ter deixado mais claro, mas procurei escurecer proporcionando um efeito interessante e um pouco metalizado. Tudo finalizado com muita lixa, polimento e verniz específico para cerâmica plástica.

Abraços e até a próxima matéria!

(autoria do texto e peças: Beatriz Cominatto)

Nota1: Matéria escrita e publicada no site Portal das Joias em 2011. Leia sobre.

Nota2: As peças foram feitas em 2011.


Em continuidade à minha matéria anterior, onde escrevi sobre o cobre e sua imitação em cerâmica plástica, hoje escrevo mais um pouquinho, desta vez sobre o bronze, metal que foi de suma importância para o desenvolvimento de todas as culturas do planeta.

Com o domínio do fogo, o homem passou a desenvolver a metalurgia, mesmo que ainda de forma rudimentar, o que fez com que chegasse à técnicas de purificação de metais e suas diversas ligas (liga metálica é a fusão de dois ou mais metais entre si).

É chamada de bronze toda liga que leva o cobre e o estanho como base em sua composição, aliados a outros elementos, em proporções variáveis, como o zinco, níquel, chumbo, alumínio, antimônio, fósforo, etc. Também foi utilizada liga com o arsênio em lugar do estanho, mas, por tratar-se de um elemento venenoso com sérias consequências para o homem, acabou tornando-se obsoleto e a liga com o estanho tomou o seu lugar definitivamente.

O bronze veio justamente suprir a baixa resistência do cobre puro, já que é uma liga de maior dureza, mas sem perder sua ductilidade e maleabilidade, o que faz com que, mesmo sendo muito mais resistente, também seja apto a ter sua forma alterada, modelada e trabalhada sem romper-se. Essas características foram primordiais para seu uso com sucesso em ferramentas, armas, armaduras, ornamentos, utensílios, medalhas, sinos, estátuas, esculturas, e em muitas outras aplicações. Também vale citar suas propriedades acústicas, sendo muito bem utilizado em bocais de trompetes, saxofones, trombones e outros instrumentos de sopro, além da excelente acústica dos sinos, que já citei acima.

Sua coloração irá variar conforme a liga utilizada em sua composição. É um metal de fácil manuseio e polimento, o que lhe proporciona um aspecto até amarelo ouro e muito bonito. É um metal de baixa corrosão, e seu ponto de fusão se dá entre 900 e 1000°C.

O desenvolvimento da liga de bronze originou-se por volta de 4000 a.C (existe uma grande variação de datas conforme a adoção do bronze em diferentes culturas), substituindo assim a Idade do Cobre (período calcolítico) este que, por sua vez, já substituíra a Idade da Pedra (período neolítico). O fim da Idade do Bronze deu-se por volta de 1300 a 700 a.C., quando teve início a Idade do Ferro, material ainda mais resistente, de metalurgia mais apurada, e de jazidas mais abundantes também. Embora algumas culturas tenham passado direto do neolítico para a Idade do Bronze, ou mesmo diretamente já para a Idade do Ferro, caso da África negra.

Algumas curiosidades: antigos reis e nobres guerreiros utilizavam armas e armaduras confeccionadas em bronze, o que lhes garantiam grande superioridade perante seus inimigos. Suas pontas de lanças também utilizavam esse metal. Mas era um material caro e ainda distante dos soldados e homens comuns, que somente milênios depois tiveram acesso.

O material foi explorado quase ao limite, como escrevi em minha matéria anterior. O cobre (matéria base para o bronze) é cada vez mais escasso, pois não é um produto renovável pela natureza e nem artificialmente pelo homem. O mesmo acontece com o estanho. Aliás, tudo em nosso querido e judiado planetinha é usado até a exaustão.

Para seu desenvolvimento em técnica imitativa com a cerâmica plástica, é um processo menos complexo do que aparenta, embora com muitos detalhes indispensáveis para um bom resultado.

Nas peças que aqui apresento (todas maciças e modeladas em cerâmica plástica), inspiradas na técnica criada pela grande artista norte americana Irene Semanchuk Dean, primeiro misturei de forma sutil massa preta à dourada, até obter a tonalidade de bronze desejada. Imprimi texturas e desbastei alguns lugares para simular um desgaste natural, já que o meu objetivo era fazer peças imitando o bronze envelhecido e não o polido.

Por fim, após a queima, apliquei e derreti sobre as peças um pouco de emboss na coloração adequada, fazendo lembrar os carcomidos e azinhavrados, como se fossem antigas peças de bronze encontradas no fundo do mar, talvez resquícios de algum naufrágio. Com alguns produtos retirei a saturação da cor e os excessos dessa aplicação, finalizei com toques de pátina para escurecer algumas partes e, em outras, para dar um brilho metalizado sutil, complementando e adaptando assim a técnica original ao meu modo.

Foi uma proposta bem interessante de ser feita. Adoro brincar com tudo isso, e posso garantir que me diverti bastante durante todo esse trabalho!

Abraços,

Até a próxima matéria!

(autoria do texto e peças: Beatriz Cominatto)

Nota1: Matéria escrita e publicada no site Portal das Joias em 2011. Leia sobre.

Nota2: As peças foram feitas em 2011.

Quem me conhece sabe que não sou adepta de práticas ritualísticas nestas datas comemorativas de final de ano. Mas ontem, último dia de 2018, tive a grata surpresa ao visitar o blog Polymer Arts, como de costume, e nele encontrar matéria recém postada sobre dois artistas do polímero que admiro de longa data, os parceiros Steven Ford e David Forlano. Lá encontrei link para outro endereço, o Art Jewelry Forum, onde li uma antiga entrevista feita com eles em 2012. Na verdade não considero tão antiga assim, visto que a minha “relação” com o trabalho deles data de bem mais tempo do que isso.

Meu primeiro contato com o polymer clay deu-se em 1992, quando a dentista paulistana também aqui da Vila Madalena, Vera Kahn, passou a importar o produto que conheceu em viagem à Israel. Era totalmente novidade no Brasil. Também foi lá no ateliê de Vera onde conheci em mãos o belíssimo trabalho de Steven e David, através de dois porta-retratos incríveis feitos por eles, adquiridos nos EUA. Ficávamos impressionadas e curiosas com os efeitos que a técnica millefiori tão misteriosamente compunham suas peças. Nessa época não tínhamos ainda internet no Brasil (juro que hoje não sei como sobrevivíamos sem 😀 ), nem acesso a publicações importadas com referências ao material, e muito menos sobre o millefiori. Por volta de um ano e pouco depois, a filha de Vera fez uma rápida aula no ateliê desses dois artistas lá nos EUA, e na volta nos passou que o millefiori era como um rocambole fatiado, técnica parecida com a elaboração de um “sushi”, onde poderíamos criar “desenhos” variados e até dar um efeito caleidoscópico ao seccionar e unir partes de um mesmo trabalho e, ao final, reduzir até o diâmetro desejado. Tudo muito mágico e contagiante. Foi quando migrei das miniaturas em polymer clay que eu fazia e passei a desenvolver peças com  a técnica millefiori, sempre usando o mesmo material. Entender como “funcionava” a técnica foi primordial para a compreensão da complexidade e beleza dos trabalhos dos dois artistas. E essa curiosidade em experimentar levou-me depois a muitas outras técnicas com a massa.

Bons anos depois, quando Vera não importava mais o produto e estava se desfazendo do seu material, presenteou-me com um livro de autoria de Steven Ford e Leslie Dierks, publicado em 1996, e que até hoje guardo com carinho na estante onde coloco todos os meus livros de arte.

Ontem, ao ler essa antiga entrevista com eles, todos esses anos do meu trabalho com o polímero passaram como um filme nostálgico em minha cabeça. Muitos detalhes e muitos sentimentos vieram a tona ao relembrar diversas etapas da carreira que construí. Essa visita despretenciosa minha ao blog acabou, sem querer, proporcionando uma longa reflexão sobre todo esse percurso, com períodos favoráveis e outros nem tanto, mas que sempre serviram como motivação e força para transpô-los. Assim foi quando escrevi meu livro, e também quando surgiu a parceria que tenho na fabricação de nossa massa nacional, a PVClay – Polymer Clay. 

Posso então afirmar com segurança…  obrigada Vera por ter tido a iniciativa de trazer ao Brasil esse inédito produto. Obrigada David e Forlano por terem feito trabalhos tão instigantes que despertaram em mim a curiosidade indispensável para querer aprender mais, experimentar e sair do lugar comum. Obrigada Edinho Juliotti por um dia ter me telefonado, confiado e dado início à nossa parceria na PVClay. Obrigada a todos os parceiros, amigos, colegas, mestres e alunos que tive ao longo de quase 3 décadas de trabalho, com os quais sempre aprendi muito, me abrindo a inúmeras possibilidades.

Enfim, não foi uma retrospectiva de final de ano, coisa que nunca faço. Inesperadamente foi algo maior, que me fez querer desejar a todos não apenas um 2019 promissor, mas um futuro construído ao longo de todos os anos que virão, e dizer que sempre busquem inspirações que te fortaleçam para isso.

(sugiro que entrem nos links dentro do texto para saberem um pouquinho mais sobre o que escrevi)

Conhecido e utilizado desde a Pré-História, o cobre é um metal que tornou-se parte imprescindível do dia a dia do homem em inúmeras aplicações. Comprovadamente manuseado há 10 mil anos, muito provável que já tenha sido descoberto e utilizado milênios antes disso. Foi o primeiro material empregado pelo homem em substituição à pedra na confecção de ferramentas, armas, moedas, utensílios e objetos decorativos diversos. Em escavações no Iraque foi encontrado até mesmo um colar, com estimativa de ter sido feito há 8.700 a.C.

O período da Pré-História começou com o aparecimento do homem na Terra há muitos milhares de anos, e foi subdividido em outros dois: a Idade da Pedra, até 5.000 a.C. (que abrange os períodos Paleolítico e Neolítico, havendo no meio deles um de transição que é o Mesolítico), e a Idade dos Metais, de 5.000 a 3.500 a.C., que é a última fase da Pré-História e também subdividida nas seguintes partes:

  • A Idade do Cobre, onde o homem descobriu o uso desse metal, que era então derretido, moldado em formas de barro ou de pedra e, depois de resfriado, ganhava forma sendo martelado. Esse período de utilização do cobre também foi chamado de Calcolítico.
  • Já na Idade do Bronze, aprendeu a misturar o estanho ao cobre, chegando assim ao bronze, uma liga de metal mais resistente que o cobre, também utilizado na confecção de esculturas, armas, ferramentas e outros utensílios diversos (sobre esse material escreverei em outra matéria).
  • Por fim veio a Idade do Ferro, onde o homem já exercia um melhor domínio da metalurgia, através do uso de fornos de alta temperatura, propiciando a elaboração de ferramentas bem mais resistentes. Por ser de obtenção, manuseio e fundição mais difíceis, esse conhecimento adquirido e empregado também em armamentos, causou uma grande supremacia de alguns povos.

Esse desenvolvimento da metalurgia proporcionou um grande avanço em muitos setores, principalmente o da agricultura com a fabricação de arados e outras ferramentas, mesmo que ainda rústicas, mas facilitando em muito o trabalho no campo, aumentando assim a sua produtividade.

A Era dos Metais marcou a transição do período Neolítico (Idade da pedra) para o Calcolítico (Idade do Cobre), dando início a períodos de melhor elaboração da vida em sociedade, com o desenvolvimento do comércio e da necessidade de registros, originando assim as primeiras escritas (pelos Sumérios, na Mesopotâmia), o que ocasionou a passagem da Pré-História para a História.

Já nos tempos mais atuais, com o desenvolvimento industrial, apesar de ter seu uso bem diversificado, o cobre passou principalmente a ser utilizado como condutor de calor e eletricidade, fazendo parte de fios e cabos.

O cobre tem coloração avermelhada e, quando em contato prolongado com umidade e gás carbônico, sofre uma lenta oxidação chamada de azinhavre (ou zinabre, popularmente dito), que proporciona ao metal uma interessante (e tóxica) pátina de coloração azul-esverdeada. É um metal que pode ser misturado a outros, como zinco, estanho, níquel, ouro, prata, alumínio, etc. São as chamadas ligas de metal, e somente as de cobre são mais de 400.

Mas a sua exploração e utilização em larga escala deveria ser revista, já que é um material não renovável, nem pela natureza e nem pelo homem. Além de sua forma pura, ele é encontrado principalmente em rochas ricas deste minério presentes em algumas regiões do planeta, como Chile, EUA, Peru, China, Austrália, Indonésia, Rússia e diversos outros países, em menor escala, incluindo o Brasil.

Sua imitação em cerâmica plástica é bastante interessante, pois proporciona resultados bonitos e fáceis de serem obtidos. Desde uma simples pátina com tintas após a queima, até mesmo trabalhando em finas camadas de massa já nas colorações desejadas (como nas peças de minha autoria que aqui apresento), buscando nessas camadas desbastadas antes e depois do cozimento o efeito envelhecido, tanto para a imitação do metal como do azinhavre (não utilizei tintas para simular essa oxidação). Se quiser poderá também, quando ainda crua, aplicar texturas deixando sua peça ainda mais expressiva. Depois de pronta e já queimada, poderá aplicar pequenos toques de pátina em cera na cor do metal, mas de forma bem sutil para não ocultar o feito oxidado.

Os resultados serão sempre surpreendentes e únicos.

(autoria do texto e peças: Beatriz Cominatto)

Nota1: Matéria escrita e publicada no site Portal das Joias em 2011. Leia sobre.

Nota2: Alguns pequenos trechos foram modificados nesta atualização. As peças foram feitas em 2011.